A vez e a voz do cinema indígena

De objeto a sujeito das produções cinematográficas no Brasil, o cinema indígena ganha cada vez mais espaço entre os filmes e festivais. Pensando nisso, o Cine Vila Rica destaca obras e mostras que valorizam a história e a cultura destas comunidades 

Entre as mostras de cinema de maior relevância está o Cine Kurumin – Festival Internacional de Cinema Indígena, que reúne cineastas de diferentes tribos e exibe produções audiovisuais com temática indígena.

O Cine Kurumin é realizado desde 2011, as edições do festival já aconteceram na cidade de Salvador e nas aldeias dos povos Tupinambá, Pataxó, Tumbalalá, Kiriri, na Bahia; e Yawalapiti, no Xingu. Em 2020, aconteceu a primeira edição em formato virtual.  

Outras iniciativas também promovem o cinema indígena, como por exemplo o CineSesc, que exibe filmes e promove encontros com a temática Luta Yanomami: Cinema Como Aliado, no mês de agosto de 2021. A programação segue até a sexta-feira, dia 13, gratuitamente e em formato virtual, através da plataforma do Sesc Digital. 

A mostra de filmes tem por objetivo ampliar não somente o alcance das vozes yanomami, mas a estética e propostas cinematográficas de seus filmes. Serão exibidos 7 títulos produzidos na última década por diretores yanomami e não indígenas e haverá 4 encontros com convidados indígenas e aliados da causa yanomami para aprofundar o debate.

O cinema se tornou um aliado importante dos yanomami, levando ao mundo imagens, sons e histórias que aproximam e conectam olhares distantes da vida na floresta à beleza e aos desafios vividos na atualidade por esse povo. É um dos maiores e mais conhecidos povos indígenas no Brasil, com mais de 28 mil pessoas.

Entre os cineastas indígenas que marcam presença com suas produções e sensibilidade está Patrícia Ferreira, cuja origem é Guarani Mbya. Patrícia entrou em contato com a produção de vídeos após participar de uma oficina do projeto Vídeo nas Aldeias. Depois de algumas produções em parceria, dirigiu seu primeiro filme sozinha. Segundo ela, os filmes servem de espelho para que os indígenas possam refletir sobre a própria cultura.

Outro cineasta indígena é Genito Gomes, líder guarani kaiowá. Genito produziu os filmes Ava Marangatu e Ava Yvy Vera – Terra do Povo do Raio. Para ele, os filmes são meios de transmissão das tradições de seu povo para as próximas gerações, além de importantes registros da cultura guarani kaiowá para os não indígenas.

Por Patrícia Milagres e Juliana Rodrigues