18 de Maio, Dia da luta Antimanicomial no Brasil

Arte: Rômulo Ferreira.

Você sabia que dia 18 de Maio é o dia Nacional da Luta Antimanicomial? E o que essa luta significa?

De acordo com o site Politize, O Movimento de Luta Antimanicomial consistiu em um diálogo de conscientização com as instituições legais e com os cidadãos ao elaborar o discurso de que os portadores de transtornos mentais não representam ameaça ou risco ao círculo social. Ao contrário, este seria um grande componente para sua recuperação. Por outro lado, seria necessário uma reeducação no modo de compreender os transtornos mentais, não como um estigma, mas um modo alternativo de ver e estar no mundo. O respeito e a conscientização seriam armas necessárias para reformular o modo como os pacientes eram tratados até aquele momento, dentro e fora de instituições responsáveis pelo tratamento.

É importante ressaltar que a reforma psiquiátrica teve início nos anos 80 e ainda hoje não foi completada. A luta pela reforma e a garantia de que a nova legislação seja aplicada ainda é uma questão a ser discutida e constantemente relembrada, uma vez que ainda existem muitos hospitais psiquiátricos no Brasil, acumulando relatos de abusos, e inúmeros casos de mortes por negligência.  Entre os anos de 2006 e 2009 foram notificadas 233 mortes em lugares como esse apenas em Sorocaba (SP). 

O Brasil é responsável por milhares de mortes em manicômios e hospícios. É o que conta o documentário Holocausto Brasileiro, uma adaptação cinematográfica da obra literária de Daniela Arbex, que leva o mesmo nome. Somente no Hospício Colônia, outrora localizado em Barbacena, Minas Gerais, mais de 60 mil pessoas perderam suas vidas injustamente. Imagina aí, um número preocupante e triste de vidas e histórias perdidas em apenas um único lugar. 

O Movimento da Reforma Psiquiátrica se iniciou no final da década de 70, em pleno processo de redemocratização do país, e em 1987 teve dois marcos importantes para a escolha do dia que simboliza essa luta, com o Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental, em Bauru/SP, e a I Conferência Nacional de Saúde Mental, em Brasília.

Com o lema “por uma sociedade sem manicômios”, diferentes categorias profissionais, associações de usuários e familiares, instituições acadêmicas, representações políticas e outros segmentos da sociedade questionam o modelo clássico de assistência centrado em internações em hospitais psiquiátricos, denunciam as graves violações aos direitos das pessoas com transtornos mentais e propõe a reorganização do modelo de atenção em saúde mental no Brasil a partir de serviços abertos, comunitários e territorializados, buscando a garantia da cidadania de usuários e familiares, historicamente discriminados e excluídos da sociedade.

Sabemos que temos que avançar e superar muitos paradigmas para um cuidado integral ao usuário da saúde mental. Contudo, essa luta reforça que o isolamento, os manicômios e os maus tratos NUNCA MAIS!!!

Por: Mírian dos Santos Neves